Feminicídios em MS: Quem são as 12 mulheres assassinadas por seus companheiros em 2019

836
Banner Câmara de Camapuã

Nos primeiros 92 dias de 2019, Mato Grosso do Sul registrou 12 mortes por feminicídio. Os crimes aconteceram em 11 cidades do estado, a média é de 1 morte a cada 8 dias, segundo a Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública (Sejusp).

Mulheres que perderam suas vidas após serem esfaqueadas, asfixiadas, baleadas, atropeladas. Os crimes foram motivados, segundo a polícia, por duas razões: ciúmes ou porque os homens não aceitaram o fim do relacionamento.

O G1 reuniu os casos de feminicídio em 2019. O mais recente aconteceu nesta terça-feira (2).

Nilce Elias da Rocha Bento, 56 anos

Morta a facadas pelo marido em 2 de abril

Mulher morta a facadas pelo marido, em Naviraí. — Foto: Polícia Civil/Divulgação

Mulher morta a facadas pelo marido, em Naviraí. — Foto: Polícia Civil/Divulgação

O crime aconteceu na residência do casal. No local ficaram manchas de sangue no travesseiro, nas paredes e no chão. Foi a filha quem encontrou a mãe morta e chamou a polícia. Uma filha do casal, deficiente, presenciou toda a cena. No local os policiais apreenderam a faca usada no crime e ainda uma espingarda adaptada para cartuchos 36 e 22mm.

O suspeito, Aderval Bento, fugiu no carro da vítima. A prisão preventiva dele foi decretada na tarde desta quarta-feira (3) e até a publicação desta reportagem, não há pistas sobre seu paradeiro.

Maria das Graças da Hora Pereira, 49 anos

Morta com 20 facadas pelo ex-marido no dia 31 de março

Maria foi morta com 29 facadas e quase teve o pescoço decepado pelo ex-namorado, em Terenos. — Foto: Facebook/Reprodução

Maria foi morta com 29 facadas e quase teve o pescoço decepado pelo ex-namorado, em Terenos. — Foto: Facebook/Reprodução

A vítima foi morta em no assentamento Paraíso, em Terenos, a 32 km de Campo Grande. De acordo com a polícia, a mulher foi assassinada com 29 golpes de faca pelo ex-marido. O atual namorado da vítima, de 56 anos foi morto a tiros.

Segundo o delegado responsável, o suspeito, de 54 anos, está foragido. Ele trabalhava com o irmão de Maria e na noite do crime, entrou em contato com o sócio e disse que estava indo embora, sem dar informações sobre o destino.

Jheniffer Cáceres de Oliveira, 17 anos

Morta esganada pelo namorado no dia 30 de março

Adolescente foi morta após ser esganada pelo namorado, em Sidrolândia. — Foto: Facebook/Reprodução

Adolescente foi morta após ser esganada pelo namorado, em Sidrolândia. — Foto: Facebook/Reprodução

Neuricleia Martins da Silva, 41 anos,

Morta a pancadas de panela pelo marido no dia 31 de março

Mulher foi morta pelo marido a golpes de panelada na cabeça, em Chapadão do Sul. — Foto: Facebook/Reprodução

Mulher foi morta pelo marido a golpes de panelada na cabeça, em Chapadão do Sul. — Foto: Facebook/Reprodução

Neuricleia foi morta na casa onde morava com o marido, em Chapadão do Sul, a 333 km de Campo Grande. De acordo com a polícia, o suspeito usou uma panela elétrica de arroaz para ferir a vitima na cabeça, além da suspeita de asfixia.

O mecânico de 52 anos, entregou-se no inicio da tarde de segunda-feira (01) em Costa Rica, conforme o delegado responsável pelo caso, o suspeito “tem uma personalidade agressiva”. “Nos registros da polícia consta que ele é uma pessoa violenta, possui oito ocorrências por ameaças, vias de fato e lesão corporal, das quais cinco são por violência doméstica.

A mulher e o filho foram socorridos e levados para o hospital. Ela morreu na ambulância da unidade de saúde quando seria transferida para Campo Grande. O pedreiro foi preso na madrugada do dia do crime após alegar que matou a ex-esposa por ciúmes e que ficou transtornado com o fim do relacionamento.

Nádia Sol Neves, 39 anos

Morta com 36 facadas pelo ex-companheiro no dia 10 de março

Professora foi morta com 36 facadas pelo ex-companheiro, em Corumbá. — Foto: Facebook/Reprodução

Professora foi morta com 36 facadas pelo ex-companheiro, em Corumbá. — Foto: Facebook/Reprodução

O crime aconteceu no dia do aniversário de Nádia quando ela chegava em casa, em Corumbá, a 415 quilômetros de Campo Grande, após ter comemorado a idade nova. Vizinhos contaram ter visto o suspeito de 31 anos, abordar a ex e ela tentar fechar o portão para que ele não entrasse. No entanto, ele conseguiu abraçá-la e a esfaqueou. Ela foi socorrida, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital.

Edevaldo Costa Leite se apresentou a policia acompanhado de advogada, confessou o crime e está preso. Vizinhos disseram à polícia ele a esfaqueou por não aceitar o fim do relacionamento.

Laís Peres Rodrigues, 26 anos

Estrangulada até a morte pelo marido no dia 10 de março

Homem é preso após estrangular e matar mulher, em Alcinópolis. — Foto: Site Edição MS

João Gomes de Olindo, de 39 anos, foi preso em uma fazenda a 35 km de Alcinópolis. Ele estava foragido e respondia por uma outra tentativa de feminicídio ocorrida em 2016. Na época, a vítima tinha 15 anos e sobreviveu à violência.

Thiago e Carla namoravam há 2 anos, em Caarapó. — Foto: Facebook/Reprodução

Thiago e Carla namoravam há 2 anos, em Caarapó. — Foto: Facebook/Reprodução

Carla e o namorado moravam em Dourados, região sul do estado, mas estavam em Caarapó participando do aniversário da sobrinha dele. Em um determinado momento, eles foram levar os presentes da aniversariante na casa dela e o rapaz teria dito que ele voltaria sozinho para a festa. Ela teria dado socos e pontapés no veículo e o suspeito então engatou a ré, acelerou e atropelou a namorada. Ele passou com o carro sobre a cabeça dela.

A defesa do operador de máquinas Thiago Belatores, de 29 anos, preso no domingo (10), diz que a discussão entre o casal teria começado porque Carla Sampaio Tanan, de 36 anos, teria “sensualizado muito” na festa onde eles estavam, e que ele não tinha a intenção de matá-la.A Polícia Civil, que investiga o caso, trabalha com a hipótese de que Thiago já teria planejado matar a namorada.

Adriana Martins, 47 anos

Estrangulada pelo companheiro em 22 de fevereiro

De acordo com a polícia, mulher foi morta e o companheiro preso por feminicídio, em Iguatemi. — Foto: Divulgação/Polícia Civil

De acordo com a polícia, mulher foi morta e o companheiro preso por feminicídio, em Iguatemi. — Foto: Divulgação/Polícia Civil

Adriana Gomes, 38 anos

Indígena, morta a facadas pelo ex-marido no dia 21 de fevereiro

Homem é preso após matar companheira, em Amambaí. — Foto: Divulgação/Polícia Civil

Homem é preso após matar companheira, em Amambaí. — Foto: Divulgação/Polícia Civil

A vítima foi morta com um golpe de faca no peito na frente de amigos e dos filhos na aldeia Amambai, no município de mesmo nome, que fica a 332 quilômetros de Campo Grande.

De acordo com a Polícia Civil, Milton Homero, de 48 anos, que também é indígena, foi preso quinta-feira. 28 de março. O homem foi encontrado escondido em um barraco, num matagal às margens da MS-386, no trecho que corta Aral Moreira.

Dayne morreu após marido passar com o carro em cima da cabeça dela, em Eldorado . — Foto: Facebook/Reprodução

Dayne morreu após marido passar com o carro em cima da cabeça dela, em Eldorado . — Foto: Facebook/Reprodução

A jovem morreu após o marido, de 24 anos, passar com um carro de luxo em cima da cabeça dela, em Eldorado-MS. De acordo com a polícia, o casal estava junto há alguns meses.

Em depoimento, o irmão do suspeito informou que na noite anterior, Hugo Henrique Perin, teria agredido a esposa, e por conta disso, os dois estavam brigados. Após a discussão, ela teria deixado a casa onde os dois moravam. O suspeito está preso.

Silvana Tertuliana Pereira, 42 anos

Morta a facadas pelo namorado no dia 9 de janeiro

Merendeira foi morta pelo namorado, em Campo Grande. — Foto: Reprodução/TV Morena

Merendeira foi morta pelo namorado, em Campo Grande. — Foto: Reprodução/TV Morena

O corpo da merendeira foi encontrado com uma faca cravada no peito e enrolado em um cobertor. De acordo com a policia, o corpo da vítima foi deixado em um terreno no Portal Caiobá, por volta da 1h do dia 11 de janeiro.

O animador de festas e pedreiro Jesus Ajala da Silva, de 46 anos, confessou o assassinato da merendeira. Em depoimento, ele disse que “ficouum tempo sem saber o que fazer com o corpo” e , por isso, a deixou no banheiro dele, por 35 horas.

Cultura machista

A promotora Luciana Rabelo, titular da 72° Promotoria de Justiça e coordenadora estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica, afirma que o perfil dos assassinos é o mesmo:

“As causas desse aumento de feminicídios estão ligadas à cultura machista, ao patriarcado, homens que vêem a mulher como objeto, a querem submissa e não a reconhecem como um ser humano com os mesmos direitos”.

Para combater os índices alarmantes, Rabelo explica que as promotorias de violência doméstica fazem trabalho preventivo para o enfrentamento aos delitos relacionados com violência de gênero, entre eles o feminicídio.

Além disso, a celeridade nos julgamentos também visa coibir esse tipo de crime: “Nos casos julgados de feminicídio consumados, os autores foram condenados. Apenas um delito cometido em 2015 ainda está pendente de julgamento, os demais foram todos julgados, e delitos de 2106, 2017 e até mesmo de 2018 também já foram julgados”.

Na última sexta-feira, um dos casos de maior repercussão em Mato Grosso do Sul, o assassinato da musicista Mayara Amaral teve seu desfecho com a condenação do acusado, Luiz Roberto Pereira. O crime aconteceu em julho de 2017. O assassino foi condenado em júri popular por feminicídio e, com as qualificadoras, sua pena é de 27 anos e 2 meses de prisão.

Fonte: G1MS

Redondus