Investigações sobre a apreensão de fuzis e outras armas em poder de um guarda municipal – arsenal que pode ter vinculação com crimes de pistolagem ocorridos na Capital – também indicariam a existência de verdadeiros milicianos entre integrantes da Guarda Municipal de Campo Grande. Na noite de quarta-feira, mais dois guardas foram presos pela Polícia Civil, não se descartando a possibilidade de envolvimento de mais pessoas.
No domingo, policiais da Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros (Garras), com apoio do Batalhão de Choque da Polícia Militar, apreenderam dezenas de armas de grosso calibre em poder do guarda municipal Marcelo Rios, 42 anos, no Bairro Monte Líbano, em Campo Grande. No local, a polícia encontrou dois fuzis AK-47, quatro fuzis calibre 556, duas espingardas calibres 12 e 22, 17 pistolas e um revólver calibre 357.
Além das armas de fogo, foram apreendidos supressores de ruídos (silenciadores), diversos carregadores e munições. Um veículo com restrição criminal por roubo/furto também foi apreendido no local.
A prisão em flagrante de Rios acabou convertida em prisão preventiva, durante audiência de custódia realizada na segunda-feira (20), no Fórum da Capital. O caso está sendo investigado pelo delegado Fábio Peró, do Garras.
OUTRAS PRISÕES
Na quarta-feira, com o desdobramento das investigações, policiais fizeram a prisão de mais dois integrantes da Guarda Municipal, suspeitos de envolvimento no caso. Conforme apurado, os servidores, que ainda não tiveram os nomes divulgados, são suspeitos de planejarem o sequestro e cárcere privado da mulher do colega preso com o arsenal. Eles foram autuados por obstrução de Justiça.
A suspeita da polícia, ainda de acordo com o que foi levantado, é de existência de uma organização criminosa por trás do esquema das armas e que, com o sequestro, o grupo tinha o objetivo de impedir possível delação por parte de Rios. Para coagi-lo, os criminosos teriam planejado e encomendado a ação contra a esposa dele.
Também existe a suspeita de que mais guardas municipais estejam envolvidos com a quadrilha. A Polícia Civil não deu detalhes sobre a investigação nem confirma os fatos apurados. A Secretaria Especial de Segurança e Defesa Social de Campo Grande ainda não se manifestou sobre a segunda prisão.
PISTOLAGEM
Crimes de pistolagem ocorridos na Capital, desde o ano passado, estão sob investigação por uma força-tarefa da Polícia Civil. Por conta disso e com a apreensão das armas, Fábio Peró disse que o arsenal bate com o calibre usado nos crimes, mas é preciso que as armas sejam periciadas para ver se há, de fato, alguma ligação com os homicídios. Porém, o delegado disse acreditar que essas armas encontradas no Monte Líbano seriam usadas para a prática de crimes no Estado.
CONDENADO PELA MORTE DE DELEGADO
Em agosto do ano passado, o guarda municipal José Moreira Freires foi condenado a 18 anos de prisão pelo assassinato do delegado de Polícia Civil aposentado Paulo Magalhães. Ele aguarda em liberdade a tramitação de recurso contra a sentença.
O crime ocorreu no dia 25 de junho de 2013, na Rua Alagoas. Magalhães fazia constantes denúncias de corrupção contra políticos e outras autoridades. Pela acusação, Moreira, na garupa de uma moto conduzida por Rafael Leonardo dos Santos, atirou várias vezes com uma pistola 9 mm contra o delegado. Rafael foi encontrado morto alguns meses depois, no Lixão da Capital, em suposta queima de arquivo.
Fonte: Correio do Estado