Mato Grosso do Sul é o segundo estado do País onde houve a menor variação no número de homicídios femininos no ano de 2017, com redução de 23,8% nos casos, segundo o Atlas da Violência, divulgado hoje. O estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública revela que, no ano base da pesquisa, de 659 homicídios ocorridos no Estado, 61 vítimas eram mulheres.
O Atlas aponta que Mato Grosso do Sul fica atrás apenas do Distrito Federal, que teve queda de 28,1% nos casos de feminicídio.
A redução é no comparativo entre 2017 e 2016, que aponta que, no Estado, o número de assassinatos de mulheres caiu de 80, registrados em 2016, para 61 em 2017. A variação no Estado vai na contramão da média nacional, onde os casos aumentaram 6,3%.
Ainda segundo o Atlas, os índices tiveram redução em todos os comparativos no Estado, sendo de -9,0% entre na década entre 2007 e 2017, -20,8% de 2012 a 2017 e os -23,8% entre um ano e outro.
O Ipea mostra ainda que a taxa mais metade das mulheres vítimas de homicídio no Estado são negras, sendo 33 vítimas no ano de referência da pesquisa. O indicativo de vítimas negras teve aumento em vários estados do País.
“A gente tem o crescimento da violência contra a mulher e todas estão sendo atingidas, mas as mulheres negras estão sendo atingidas com uma força muito maior”, disse Samira Bueno, diretora executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Em geral, em 28,5% dos homicídios de mulheres, as mortes foram dentro de casa, o que o Ipea relaciona a possíveis casos de feminicídio e violência doméstica. Entre 2012 e 2017, o instituto aponta que a taxa de homicídios de mulheres fora da residência caiu 3,3%, enquanto a dos crimes cometidos dentro das residências aumentou 17,1%. Já entre 2007 e 2017, destaca-se ainda a taxa de homicídios de mulheres por arma de fogo dentro das residências que aumentou em 29,8%.
LETALIDADE
Em relação ao número total de homicídios no País, o Ipea aponta que, em 2017, houve 65.602 casos no Brasil, o que equivale a uma taxa de aproximadamente 31,6 mortes para cada cem mil habitantes. Trata-se do maior nível histórico de letalidade violenta intencional no país.
Um dos fatos apontados como desencadeador da violência, é o assassinato do traficante Jorge Rafaat pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), em 15 de julho de 2016, na cidade de Pedro Juan Caballero, fronteira com Ponta Porã.
Segundo o Ipea, a execução acentou ainda mais a disputa do narconegócio, tendo como pano de fundo o controle do mercado criminal na fronteira, a partir do acesso privilegiado à droga produzida e comercializada na Bolívia, no Peru e no Paraguai.
A guerra entre as maiores facções brasileiras, sendo o PCC e o Comando Vermelho, eclodiu de forma generalizada em 2017, primeiro dentro dos presídios e depois nas ruas, o que resultou no número recorde de assassinatos.
Fonte: Correio do Estado