Criação de ovelhas é opção lucrativa e diversifica atividade agropecuária

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Em Mato Grosso do Sul, a atividade de ovinocultura ainda é vista por muitos produtores rurais como atividade secundária da fazenda, contudo, números do mercado nacional comprovam o alto valor agregado da carne de ovelha e o potencial produtivo da região. 

O rebanho regional é estimado em cerca de 400 mil cabeças, conforme informações da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro), o que ranqueia o Estado como 11º produtor nacional. 

Além disso, levantamento mensal realizado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), da Esalq USP, apontou que no mês de junho, o preço da carne de cordeiro no Estado ficou entre os cinco mais altos do país, R$ 7,50 e uma valorização de 4,6%, em relação ao mês anterior.

PROFISSIONALIZAÇÃO

Uma iniciativa desenvolvida pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/MS), por intermédio da Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) completa um ano em agosto e tem objetivo de profissionalizar a atividade de ovinocultura. Trata-se do programa Pró-Ovino que atende 41 produtores, distribuídos em 16 municípios do Estado. 

O grupo soma um rebanho de 5.364 animais e uma área total de 754 hectares, atendidos por três especialistas que atuam como técnicos de campo do ATeG Pró-ovinos. As informações foram divulgadas pelo coordenador do programa, André Nunes, que detalha a demanda por essa linha de assistência técnica.

“A primeira turma de produtores foi demandada pela Associação Sul-mato-grossense de Criadores de Ovinos (Asmaco), composta por 15 produtores. No entanto, tivemos mais solicitações dos municípios de Três Lagoas e Terenos e a meta para este ano é atender pelo menos 70 ovinocultores”, revela. 

BALANÇO 1ª TURMA

O médico veterinário, Custódio Antônio Carvalho Júnior foi o primeiro técnico de campo do programa e explica qual foi o diagnóstico encontrado há um ano.

“Tinhamos produtores com 30 anos de atuação, tecnologia de ponta, mas que não tinham gestão do negócio e consequentemente, pouquíssimo lucro. Neste sentido, a ATeG ajudou a ‘clarear’ muito o processo para o grupo que começou a identificar valores, gargalos e como reduzir custos de produção”, detalha. 

Custódio revela que faltando menos de um mês para completar um ano de assistência técnica, o cenário é outro. Produtores que antes não conseguiam fechar as contas fixas mensais, agora estão adimplentes e com dinheiro para reinvestir no aumento do rebanho. 

“A metodologia oferecida pela ATeG comprovou que não é preciso altos investimentos em tecnologia, mas, sim, realizar manejo correto e gestão eficiente. Com isso é possível diversificar as opções de atividade agropecuária na propriedade rural, e maximizar a produção”, acrescenta o veterinário.

Um dos principais gargalos na pecuária de ovinos é a comercialização da carne, explica Custódio. Contudo, o técnico do Senar/MS revela que existe uma demanda maior do que a produção no Estado, mas, os produtores ainda tem dificuldade de compreender a dinâmica de relacionamento com os frigoríficos, por exemplo. 

“Os produtores dizem que não têm para quem vender, mas isso não é verdade. Temos frigoríficos de outros Estados que vem para Mato Grosso do Sul em busca de carne de ovelha, porém, não encontram produto em quantidade. As mesmas pessoas que afirmam isso, não sabem como é feita a escolha das agroindústrias de animais para abate, as quais observam quantidade, peso, acabamento de gordura e carcaça, entre outros fatores”, argumenta. 

Nos últimos dois anos, a valorização no preço da carne de ovinos teve uma elevação de 10% e 12%, respectivamente. Contudo, o Brasil ainda importa 10% da carne que consome, demonstrando que é preciso unir dois importantes componentes da cadeia, os produtores e os frigoríficos. 

“A exemplo do funcionamento das agroindústrias de bovinos, uma empresa não vai na propriedade para embarcar dois ou três animais. A mesma coisa acontece no caso das ovelhas. Então, estamos desenvolvendo um trabalho em sincronia com os produtores atendidos, a fim de formarem um número substancial de animais que serão comprados pela indústria”, esclarece. 

ADAPTAÇÃO MS

Custódio explica que no Estado são criadas várias raças de ovelhas e todas se adaptaram as condições do clima, alimentação e solo.

“Várias espécies foram trazidas na época da migração pelos europeus, mas, posso garantir que não importa tanto a raça, mas a forma como é criada. Outro fator também, é como o produtor analisa seu negócio, pois, conheço ovinocultores com 100 animais que produzem comercialmente e outros com mil animais que não têm a visão comercial da atividade”, pontua. 

O técnico de campo destaca que é possível criar ovelhas em todas regiões do Estado, mas, as áreas produtoras de grãos são ainda melhores, pelo fato de oferecerem menor custo na compra de matéria-prima para ração. 

“Nosso foco no Pró-ovinos é implementar em conjunto com os participantes, técnicas de manejo baratas, investir na seleção e manejo do rebanho, pontuando a necessidade de profissionalizar a atividade. A ovinocultura pode ser uma opção secundária na propriedade, mas, se for bem trabalhada ocupa pouco espaço e o lucro obtido ajuda a pagar as contas mensais da propriedade”, conclui. 

SERVIÇO

Produtores interessados em participar do programa Pró-Ovinos do Senar/MS podem procurar o Sindicato Rural do município aonde residem, pois, estão abertas inscrições para formação de novos grupos. Além disso, podem entrar em contato com a superintendência regional, em Campo Grande, pelo telefone: (67) 3320-6900.

 

 

 

 

 

 

Fonte: Correio do Estado

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