O período pelo qual o juiz aposentado Odilon de Oliveira ficou no PDT foi curto e intenso, suficiente para gerar reflexos no partido até os tempos atuais. Ontem, o presidente do Diretório do partido em Mato Grosso do Sul, João Leite Schimidt, falou pela primeira vez da tensa relação com o magistrado, que chegou ao segundo turno das eleições para governador. “A porta é a serventia da casa, serve para entrar e para sair. Ele usou para entrar e para sair, ainda bem”, afirmou o dirigente partidário em tom de comemoração, em entrevista concedida na manhã de ontem à rádio CBN Campo Grande.
Na mesma entrevista, Schimidt revelou que o PDT pretende lançar candidatos a prefeito em pelo menos 30 municípios do Estado e que tem a ambiciosa meta de fazer uma bancada de aproximadamente 100 vereadores. Campo Grande será uma das cidades que o partido terá candidato a prefeito, e, ao falar desta estratégia, o presidente estadual do PDT voltou a frisar a candidatura do partido a governador em 2018. “Nós não vamos errar duas vezes. Errar mais de uma vez, já chega. O PDT terá candidato a prefeito de Campo Grande com pessoas que fazem política, e não é o Odilon de Oliveira, pode ser o Dagoberto Nogueira, [deputado federal].
Na entrevista de ontem, Schimidt relembrou o episódio em que foi afastado da coordenação da campanha por Odilon. Desde então, a relação entre os dois não foi das melhores, embora o dirigente disse que votou no juiz no segundo turno contra Reinaldo Azambuja (PSDB).
“Quando a gente mexe com política, tem de mexer com política. Eu fui pegar uma pessoa que não era político”, queixa-se o dirigente. “Ele [Odilon de Oliveira], com alguns meses, já estava apoiando o Bolsonaro, embora o PDT dava dinheiro para ele apoiar o Ciro Gomes”, complementa.
Os recursos a que Schimidt se refere foram repassados via fundo partidário. Para a campanha de Odilon de Oliveira, foram R$ 2,1 milhões ao todo. “E ele ainda declarou apoio ao Jair Bolsonaro (PSL), perdeu 17% dos votos do Fernando Haddad (PT) e ficou 5% atrás do Reinaldo Azambuja”, arrematou. “Ficamos muito chateados com ele, ele nunca fez o discurso do PDT”, lamentou o dirigente partidário.
PREFEITURA
O presidente do PDT, João Leite Schimidt, já foi secretário de Fazenda na gestão de Marcelo Miranda e também secretário de Justiça, presidiu o PDT durante uma aliança duradoura com o PT, que culminou com a eleição de Zeca do PT ao governo do Estado, em 1998. Ele usa sua experiência política para apostar que a disputa à prefeitura de Campo Grande no próximo ano terá muitos candidatos, entretanto, reconhece que Marcos Trad terá vantagem na disputa. Pesam a favor do prefeito o fato de disputar a reeleição e de ter uma boa base eleitoral na Capital: além disso, tem um primo no Ministério da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM), um irmão no Senado, Nelson Trad Filho (PSD), e outro na Câmara dos Deputados, Fábio Trad (PSD).
O fator que pode gerar desequilíbrio na disputa do próximo ano são as regras das eleições proporcionais, que serão diferentes e proibirão as coligações. “Isso leva praticamente todos os partidos a lançarem candidatos próprios, para ajudar na campanha dos candidatos a vereador”, explica.
Além deste novo fator, a estratégia do PDT e de outros partidos para as eleições de 2022 também começa já nas próximas eleições. A intenção do Diretório Nacional é ter candidato em todas as capitais justamente para fazer campanha para a principal liderança do partido no momento: o ex-governador do Ceará e economista Ciro Gomes.
O juiz aposentado Odilon de Oliveira foi procurado para comentar as declarações de João Leite Schimidt. Não houve resposta até o fechamento desta edição.
Fonte: Correio do Estado