Relatórios técnicos apontam que o pico da pandemia da Covid-19 pode acontecer entre maio e junho no Brasil, mas o pico pode nem vir a acontecer caso o isolamento social fique acima de 50% nos Estados, segundo o infectologista e pesquisador Julio Croda. Em Mato Grosso do Sul, onde a grande maioria da população tem ignorado o distanciamento, situação é preocupante.
“Aqui [MS] o índice de isolamento é o pior do País. Pode ter pico sim e pode faltar leitos. Aqui não é um bom parâmetro. Cada cidade pode viver uma realidade, depende muito da adoção das medidas de isolamento. Abaixo de 50% complica muito e é o que temos há duas semanas em MS e Campo Grande”, disse Croda.
Conforme o infectologista e pesquisador, locais que mantiverem taxa de isolamento social acima de 50% conseguem o achatamento da curva de contágio e, dessa forma, uma diluição dos casos de coronavírus ao longo do tempo, não havendo “um pico tão claro”. Dessa forma, sem o chamado pico, o sistema de saúde não fica tão sobrecarregado e não há colapso, com falta de leitos para atender a todos.
Mato Grosso do Sul, conforme monitoramento por geolocalização, tem o segundo menor índice de isolamento social do País, atrás apenas do Tocantins. Nesta segunda-feira, taxa média foi de 40,7% no Estado e de 41% na Capital.
Governo e prefeituras adotaram diversas medidas para reduzir o contágio, manter a curva sob controle e evitar o colapso no sistema de saúde, mas na última semana diversas pessoas voltaram a sair às ruas e houve afrouxamento de algumas restrições. As projeções com bases nos dados de monitoramento do distanciamento social têm deixado as autoridades em alerta.
Conforme boletim divulgado hoje, o Estado tem 115 casos confirmados da Covid-19, 18 suspeitos e quatro mortes. Dos confirmados, 46 estão em isolamento domiciliar, 39 finalizaram a quarentena e estão sem sintomas, 15 estão internados, sendo seis em hospitais públicos e nove em hospitais privados.
Segundo Croda, todos os resultados obtidos até o momento em Mato Grosso do Sul não indicam que o distanciamento social pode ser relaxado e podem ser perdidos se não houver colaboração da população.
“Houve uma desaceleração dessa curva de crescimento graças às medidas de isolamento. Mas isso não significa um controle da doença. Se essas medidas forem interrompidas, rapidamente as transmissões aumentam e os esforços até o momento serão perdidos porque o vírus ainda está circulando. É isso que está acontecendo aqui no Estado”, afirmou.
Preocupação é ainda maior devido ao outono, especialmente nos meses de maio e junho, ter maior incidência de casos doenças respiratórias, o que também pode demandar leitos. Croda acredita que o isolamento também pode ajudar a reduzir essas infecções que causam síndromes respiratórias, como gripe e Influenza.
Nesta segunda-feira, governador Reinaldo Azambuja afirmou que medidas extremas, como bloqueio total da movimentação – lockdown, não são descartadas.
“Se nós não tivermos a consciência das pessoas de ficar em casa, evitar sair de casa, nós vamos chegar a esse momento. É uma medida drástica, é radical, alguns países tomaram. A medida extrema vem se não tiver a consciência da sociedade. Podemos ir sim para uma medida extrema, para decretar isso. Nós todos temos que ser conscientes”,declarou o governador.
Fonte: Correio do Estado